A saia e véstia feitas à mão, em brocado de cor preta, utilizadas por Anita Garibaldi são os objetos da pesquisa inédita realizada pela pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura da Unifebe, professora Edinéia Pereira da Silva. Pela segunda vez na história uma pesquisadora brasileira teve acesso às peças de roupa que pertenceram à Heroína dos Dois Mundos e que estão preservadas há mais de 150 anos, na reserva técnica do Museo di Stato – Piazzetta Titano, de San Marino, na Itália. A Unifebe é uma das parceiras do CulturAnita na divulgação dos feitos e para pesquisas ligadas à Anita.
O intuito da pesquisa, coordenada pela doutora em história e docente há 11 anos do curso de Design de Moda da Unifebe, é estudar o artefato de forma técnica, incluindo a parte têxtil, como fios, tramas, tipologias de costuras, modelagem, a moda e, sobretudo, o contexto histórico e simbólico que permeia a peça e a usuária.
Edinéia explica que o único pesquisador brasileiro que teve acesso e mencionou em suas publicações sobre a existência da roupa de Anita Garibaldi foi Wolfgang Ludwig Rau, em 1969. Na época ele apenas publicou uma foto da peça, que na ocasião estava exposta no museu. De lá para cá, a peça saiu da exposição, já que normalmente artefatos do século 19 não ficam expostos, em razão das alterações sofridas nas tramas do tecido.
Para ter acesso e poder manusear as peças, a instituição iniciou as tratativas com o museu italiano e, em setembro, recebeu a autorização do Diretor dos Institutos Culturais e do Chefe dos Museus Estaduais. “As peças chegaram em uma enorme caixa preta, com uma grande etiqueta “abito di Anita Garibaldi”, carregada pelo responsável do museu e mais três pessoas. O traje pertenceu a Anita, passou por análise e restauro de profissionais da Itália. Além de possuir muitos indícios de uso, há elementos que não eram comuns para época, como bolso na saia e outras especificidades”, revela Edinéia.
Anita Garibaldi em 3D
O envolvimento da Unifebe com a história de Anita iniciou em outubro de 2021, quando a instituição recebeu o plantio da Rosa de Anita, em parceria com o CulturAnita, e passou a integrar a rota do projeto internacional Dois Mundos e uma Rosa para Anita. “Anita Garibaldi faz parte da História do Brasil, tema obrigatório nos currículos escolares, é catarinense e seu legado merece servir de referência para o estudo de tantas gerações. Por isso, estamos tão lisonjeados em encabeçar uma pesquisa de tamanha importância para a história do nosso estado”, evidencia a reitora da UNIFEBE, professora Rosemari Glatz.
Com as medidas obtidas na pesquisa, a universidade irá recriar a vestimenta, por meio do desenvolvimento de um manequim em tamanho real. E, a partir da obra de Gaetano Gallino, que retratou Anita Garibaldi quando ainda vivia no Uruguai, o intuito da instituição é reconstruir o rosto em 3D. A obra está em Milão no Museo del Risorgimento, e a Unifebe já recebeu as imagens para modelar a cabeça.
“O propósito maior deste trabalho está para além do artefato, mas tudo o que ele poderá representar após a reconstituição. Conhecemos Anita Garibaldi, por meio de monumentos que a retratam com uma silhueta impecável. O propósito é conhecer melhor essa Anita que vive em nossas memórias, mas sobretudo se reconhecer nela”, enaltece Edinéia.
O projeto coordenado por Edinéia está sendo realizado durante suas férias, e conta com o envolvimento do engenheiro têxtil e professor da Unifebe, Wallace Nóbrega Lopo, dos professores de Design de Moda da Unifebe, Jô Rosa e Daniel Goulart. A pesquisa está sendo acompanhada pela brasileira e intérprete, Luciana Silveira, pela professora da Udesc, Mara Rúbia Sant’Anna da Udesc, professor italiano, Alessandro Ricci, pelo arqueólogo, Andrea Antonieli, e pelos historiadores Adílcio Cadorin, do Instituto Cultural Anita Garibaldi, e Andrea Antonioli, do Centro Studi Olim Flaminia, da Itália. Todos profissionais dedicados ao estudo do vestuário.
*Colaboração: Ascom – Unifebe.